Catadores de material reciclado quebram preconceitos e formalizam profissão
A jornada diária de 10 horas não parece desanimar a catadora de material reciclado, Nadir Mariano, 50 anos. Com três filhos e um neto para sustentar ela busca no lixo a renda familiar de R$ 600 por mês. O dinheiro conquistado com muito suor garante a dignidade da família que sem estudo, encontrou no reciclado o caminho para sobreviver de forma honesta.
Há 12 anos, o lixo era apenas uma alternativa de renda informal. As latinhas descartadas nas festas e recolhidas por ela, garantiam no final do dia o suficiente para não passar necessidades. “O dinheiro já dava para comprar leite e pão. Em seguida vi que conseguiria sustentar minha família recolhendo o que as pessoas jogam fora. Revirar o lixo não era fácil, mas quando pessoas dependem de você isto se torna uma opção” desabafa.
O preconceito ainda é um dos grandes empecilhos para o desenvolvimento da profissão que se tornou indispensável no país. Diariamente o Brasil produz 170 mil toneladas de lixo, média de 1 kg por pessoa o que equivale à alimentação de 300 mil famílias. O esforço de órgãos públicos para mudar a cultura e incentivar a população na separação das sobras, ainda é um desafio. “Existe uma grande dificuldade para retirarmos o lixo. A maioria não separa o que é orgânico do reciclado e muita coisa é perdida”. Apenas 57% do lixo em todo país tem destinação final apropriada.
A exemplo de Nadir, milhares de brasileiros em todo o país buscaram a reciclagem para evitar um caminho sem volta; o crime. Com toda a colaboração que a profissão exerce sobre o meio ambiente, a sua devida importância está aos poucos sendo notada nas latas de lixo.
É o caso da empresária Claudete Pauleski, proprietária de um Jornal em São Miguel do Iguaçu. Diariamente o veículo produz grande quantidade de papel reciclado, após serem utilizados e separados, eles são colocados em sacolas plásticas e depositados na lixeira para facilitar o trabalho dos catadores. “Pequenas ações como esta contribuem para o meio ambiente e o trabalhos dos catadores que vivem da venda deste material. A separação de lixo já virou questão de educação” ressalta a empresária.
Mesmo com todo o empenho e luta para cuidar do netos, Nadir sabe que a profissão ainda gera preconceitos. Quando questionada se já foi constrangida, ela é enfática. “Se sofri preconceito, não me importo. Tenho minha casa, meu trabalho, pago minhas contas e vivo como poucos, de cabeça erguida”.
Francielle Calegaro
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