Nesta semana um vídeo postado no site youtube deu o que falar em todo o país. A professora Amanda Gurgel silenciou os deputados em audiência pública no Rio Grande do Norte ao falar sobre a realidade da educação brasileira.
De forma representativa ela iniciou sua fala apresentando o extrato bancário com o saldo de R$ 930, correspondente ao salário base de um professor. Questionando os presentes sobre a possibilidade de alguém com ensino superior ou especialização sobreviver com essa remuneração, a professora fez o desabafo e comprovou com o silêncio de todos, o real caos na educação.
Amanda levantou questões dificilmente comentadas pelos governantes no Brasil. Falou sobre a associação de todos ao dizerem que a educação salvará o país, mesmo com a falta de merenda, salas lotadas e baixos salários aos professores. “Estamos aceitando a condição precária da educação como fatalidade. Estou me colocando dentro da sala de aula com giz e quadro para salvar o Brasil? Não tenho condições” questionou.
Assistindo ao vídeo e concordando com o desabafo da simples professora, não consegui fazer outra coisa a não ser voltar o filme da minha vida e relembrar meus tempos de escola pública. Lembrei-me das atividades do prézinho, o feijão plantado no algodão, os desenhos para colorir e o momento de carinho da professora com os alunos.
Aquela mulher que durante toda tarde assumia o lugar de minha mãe parecia tão perfeita, amorosa e tinha uma letra linda; difícil não admirá-la. Quando estava a frente da sala de aula transbordava de felicidade ao educar, e de fato amava o que fazia. Mesmo com o baixo salário, era possível observar um lindo sorriso em seu rosto ao ver seus alunos escrevendo as primeiras letras, - ensinadas por ela.
Com o tempo essa admiração foi aumentando. Mudavam-se as professoras, mas a qualidade continuava. Lembro-me de alguns nomes: tia Andréia, tia Nadia, tia Luciene e tantas outras que me fizeram por anos desejar ser no futuro, uma grande professora.
Porém quando iniciei na escola estadual tudo ficou diferente. A realidade que via era professores desanimados, salas lotadas, didática ultrapassada, calor excessivo pela falta de ar condicionado e contínuo salário baixo. Mesmo com tantos problemas, eles estavam lá, todos os dias, ano após ano, repassando todo o conteúdo aprendido em graduações, pós-graduações, cursos, livros e na nova e surpreendente internet.
Mesmo com tantas barreiras, penso que foram meus professores os provedores da realidade que vivo hoje. O estímulo de aprender o que explicavam em sala de aula, poder questionar suas explicações e saber se expressar em um texto são momentos que jamais poderão ser representados em um lerite de R$ 930.
Incrível? Pois é, essa é a realidade em que vivemos. Eu não poderia encerrar essa matéria sem mais um depoimento de uma integrante dessa classe que assim como Amanda, segue a vida de heroína sem armas de combate para salvar o Brasil.
“O professor em geral está estudando e se dedicando cada vez mais. Assumindo papel de pai, mãe, psicólogo, encaminha pra consulta com dentista, oftalmologista, médico, enfim, está desenvolvendo inúmeras responsabilidades e por outro lado sendo valorizado cada vez menos”.
Marilda Cassol é professora na rede municipal há 16 anos, foi duas vezes diretora e hoje trabalha com crianças em classe especial na Escola Municipal Grizelde Romig Fischborn em Medianeira.
Marilda Cassol é professora na rede municipal há 16 anos, foi duas vezes diretora e hoje trabalha com crianças em classe especial na Escola Municipal Grizelde Romig Fischborn em Medianeira.
"Hoje os bons profissionais já estão procurando outra profissão e abandonando as salas de aula"
Francielle Calegaro
Muuuito bom mesmo, um bela e sincera homenagem de respeito a nos professores.
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